A utilização de preenchimento com ácido hialurônico (AH) na área da têmpora desempenha um papel significativo na redução dos sinais de envelhecimento facial, contribuindo para alcançar uma aparência mais jovem e equilibrada.
À medida que envelhecemos, a região temporal tende a perder volume, resultando em uma aparência envelhecida e desgastada. Os preenchedores dérmicos à base de AH surgem como uma opção segura e eficaz para restaurar o volume perdido e aprimorar a projeção nessa área.
No entanto, é crucial ter um entendimento aprofundado da anatomia complexa da região temporal devido a presença de complexas estruturas arteriais, venosas e nervosas e estar ciente dos riscos associados aos procedimentos estéticos nessa região, de forma a minimizar possíveis intercorrências.
O Ácido Hialurônico (AH) tem se destacado como um preenchedor seguro para a região temporal, com taxas de complicações notavelmente menores relatadas na literatura. A região temporal é constituída por várias camadas, e cada uma delas pode requerer uma técnica de preenchimento específica. Portanto, cabe ao profissional escolher a técnica mais adequada, considerando as necessidades individuais de cada paciente, a fim de alcançar os resultados desejados.
Uma abordagem segura é a técnica de “pinch”, que envolve um beliscão na região temporal. Essa técnica cria um espaço ampliado para a aplicação de preenchedores, separando as camadas móveis das fixas. Essa manobra pode ser vantajosa para a injeção segura do material, evitando o contato com vasos sanguíneos importantes e facilitando a aplicação no plano correto.
Portanto, ao ser utilizado como preenchedor na região temporal, é preferível escolher o AH com médio a alto G-prime, pois proporciona a capacidade necessária para volumizar e projetar a área de aplicação.
A administração do preenchedor deve ser realizada de maneira lenta e cuidadosa, evitando a aplicação de grandes quantidades de uma só vez para prevenir complicações intravasculares e/ou excesso de material.
Devido à delicadeza da região e aos riscos associados, intercorrências como obstrução ou compressão dos feixes vasculonervosos podem ocorrer durante o preenchimento com Ácido Hialurônico (AH) na região temporal. Essas complicações podem resultar em problemas graves, como perda de movimento e sensação na região frontal, necrose tecidual e até cegueira, dada a interconexão das artérias temporais e oftálmicas nesta área.
Como descrito por Cotofana et al., 2020 há 06 técnicas seguras além da de “pinch” para preenchimento de têmpora:
Subdérmica
O preenchimento é injetado na camada de gordura superficial, conhecida como porção subdérmica. O procedimento começa com a criação de um ponto de acesso cutâneo, geralmente na porção média do arco zigomático, utilizando uma cânula de ponta romba de 22G e 50mm. A injeção ocorre de forma retrógrada, com o bisel virado em direção à derme.
Interfascial
Consiste na injeção do produto entre a superfície temporal superficial e a fáscia profunda. Utilizando uma cânula de 22G e 50mm, a inserção é feita estabelecendo um ponto de acesso, direcionando a cânula para o plano supraperiosteal. Durante o procedimento, o bisel da cânula é mantido voltado para o periósteo, e o produto de preenchimento é injetado de maneira retrógrada.
Supraperiosteal alta
Também conhecida como técnica “3-point full face” é utilizada para corrigir perdas de volume na têmpora anterior. Um ponto de acesso cutâneo é estabelecido abaixo da crista temporal, a 1cm da órbita óssea lateral. Com uma agulha de 27G, é feita a inserção perpendicular à pele até o osso. Após inclinação a 45 graus em direção à cabeça, realiza-se aspiração para verificar vasos sanguíneos antes da aplicação lenta de AH com alto G-prime.
Supraperiosteal baixa
A técnica Supraperiosteal Baixa, também conhecida como “One up and one over technique”, é empregada para a injeção no plano supraperiosteal (camada 9) da têmpora anterior, correspondente à injeção intramuscular. Utilizando três referências – o tubérculo supra-orbital, 1cm acima da crista temporal e 1cm lateralmente à crista temporal – uma agulha de 27G é inserida perpendicularmente à pele até o contato ósseo. Após aspiração para identificar refluxos sanguíneos, o produto é injetado lentamente, preferencialmente um Ácido Hialurônico com alto G-prime.
Lifting Supraauricular
Aplicação em plano subdérmico da têmpora posterior. Acesso através do terço anterior do arco do zigomático lateral em direção ao plano superior auricular. Distribuição em pequenos bolus de AH com alto G-prime.
Lifting temporal
Também conhecida como técnica supra-SMAS. Aplicação profunda de 0,4- 4 mL nos quadrantes temporais: anteroinferior, anterossuperior e posteroinferior, com base em duas linhas traçadas verticalmente no meio do arco zigomático e outra horizontalmente do canto externo do olho até a linha de inserção capilar. Para o preenchimento superficial, uma quantidade de 0,05 a 0,1ml por ponto de aplicação
Portanto, a execução cuidadosa do procedimento é crucial para minimizar esses riscos. Em resumo, embora o preenchimento na região temporal com AH seja promissor na estética facial, sua prática exige conhecimento profundo e habilidade clínica para assegurar a segurança e eficácia. Pesquisas adicionais são necessárias para aprimorar ainda mais as técnicas e práticas de preenchimento nessa área delicada.
Referências:
Clark NW, Pan DR, Barrett DM. Facial fillers: Relevant anatomy, injection techniques, and complications. World J Otorhinolaryngol Head Neck Surg. 2023 Aug 2;9(3):227-235.
Cotofana S, Gaete A, Hernandez CA, Casabona G, Bay S, Pavicic T, Coimbra D, Suwanchinda A, Swift A, Green JB, Nikolis A, Frank K. The six different injection techniques for the temple relevant for soft tissue filler augmentation procedures – Clinical anatomy and danger zones. J Cosmet Dermatol. 2020 Jul;19(7):1570-1579.
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