O preenchimento de olheiras é um dos principais a apresentarem intercorrências na clínica. A principal causa, em sua maioria, ocorre pela escolha inadequada do produto aliado a falta de técnica do profissional.
O efeito Tyndall causado pela superficialização do produto a base de AH acaba por refletir a luz azul promovendo uma coloração azulada.
A avaliação personalizada de cada paciente, aliada à compreensão anatômica subjetiva e a escolha assertiva do material são os pilares básicos para um correto planejamento terapêutico, mesmo assim deve-se acompanhar o paciente pelos 30 dias consecutivos no pós-operatório.
Nos posts anteriores abordamos como a perda de sustentação dos coxins gordurosos da face pode ocasionar diferentes queixas estéticas decorrentes do envelhecimento. Uma dessas queixas é a formação de depressões ou sulcos na região periorbital.
Além disso, existem diferentes tipos de olheiras que podem se formar por diferentes fatores, que estão relacionadas com as características individuais de cada um. São eles: vasculares, pigmentares e anatômicas. Todas estas disfunções estéticas ocasionam algo em comum: um aspecto de olhar cansado.
É muito importante termos em mente, que o preenchimento com ácido hialurônico só é adequado para o tratamento de olheiras anatômicas e para a formação de depressões ou sulcos em função do envelhecimento.
Olheiras vasculares e pigmentares devem ser tratadas a partir de outros tipos de procedimentos.
Além disso, é muito importante levarmos em consideração que a região periorbital é propícia ao acúmulo de líquidos, visto que temos a presença de glândulas nos arredores desta região, como as lacrimais. Esta região também apresenta uma pele menos espessa do que em outras regiões do rosto.
Pensando nestas características, quando escolhemos o ácido hialurônico mais adequado para este tipo de procedimento, precisamos considerar alguns pontos.
O gel escolhido não deve possuir um swelling factor elevado para evitar a formação de bolsas após o preenchimento, no entanto o mesmo também não deve possuir um G’ tão elevado para evitar o risco de que o preenchimento fique marcado.
A técnica mais adequada para o preenchimento de olheiras é a realização de microbolus na região onde há depressão, em plano profundo, a fim de minimizar possíveis comprometimentos para a drenagem de líquidos no local.
Esta técnica pode ser realizada tanto utilizando-se cânula, como agulha, sendo a primeira opção considerada mais segura.
Fontes:
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Viana GA, Osaki MH, Cariello AJ, Damasceno RW, Osaki TH. Treatment of the tear trough deformity with hyaluronic acid. Aesthet Surg J. 2011 Feb;31(2):225-31. doi: 10.1177/1090820X10395505.